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As negociações salariais no setor bancário português têm sido marcadas por uma série de desafios entre os sindicatos representados pela União Geral de Trabalhadores (UGT) e diversas instituições de crédito.
Nós busca analisar os principais pontos de discordância, as exigências dos sindicatos e as propostas dos bancos, destacando o contexto econômico e as perspectivas futuras para os trabalhadores do setor.
As negociações para a revisão salarial de 2024 têm sido especialmente tumultuadas.
Os sindicatos MAIS, SBN e SBC, todos afiliados à UGT, têm enfrentado propostas consideradas insuficientes.
O Montepio, por exemplo, avançou com uma proposta de aumento salarial de 3%, seguindo um padrão que já havia sido rejeitado em negociações anteriores com outros bancos.
Esta proposta foi imediatamente recusada pelos sindicatos, que a consideram insuficiente para compensar as perdas de poder de compra acumuladas nos últimos anos e para garantir uma distribuição justa dos lucros obtidos pelos bancos.
Os sindicatos têm enfatizado que todos os bancos, incluindo o BCP e a CGD, continuam a apresentar lucros substanciais. Por exemplo, em 2023, o BCP registou lucros de 853 milhões de euros, os mais elevados na sua história. No entanto, a oferta de aumento salarial de apenas 2,25% pelo BCP foi categoricamente rejeitada pelos sindicatos, que a consideram uma afronta dada a escalada de lucros.
Não obstante a rigidez geral nas negociações, houve alguns desenvolvimentos positivos. A Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo (CEMAH) chegou a um acordo com os sindicatos MAIS e SBN para um aumento de 3,5% em todas as cláusulas de expressão pecuniária, com exceção do subsídio de refeição. Este acordo foi visto como uma vitória, dado que superou o limite mínimo de 3% estabelecido pelos sindicatos para considerar uma proposta aceitável.
Diante da recusa das instituições de crédito em melhorar suas ofertas, os sindicatos recorreram à conciliação através da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), buscando uma intervenção que pudesse desbloquear o impasse. Este é um claro indicativo de que as negociações podem ser prolongadas e que novas estratégias podem ser necessárias para alcançar acordos satisfatórios.
As negociações salariais no setor bancário em Portugal continuam a ser um campo de batalha entre as demandas por justiça salarial dos trabalhadores e a resistência das instituições de crédito.
Os próximos meses serão cruciais para determinar se haverá avanços significativos ou se os impasses persistirão, afetando diretamente o bem-estar dos trabalhadores bancários.
Em 2023, os bancos portugueses reportaram lucros significativos, refletindo um cenário de recuperação econômica após períodos de incerteza. Esses ganhos têm sido uma peça central nas negociações salariais, pois os sindicatos argumentam que os resultados financeiros robustos deveriam traduzir-se em melhores condições salariais para os trabalhadores. Aqui estão alguns detalhes sobre os lucros de bancos específicos que foram mencionados nas negociações:
Banco Comercial Português (BCP): O BCP registrou lucros de 853 milhões de euros em 2023, marcando o maior lucro anual na história do banco.
Novo Banco (NB): O Novo Banco também mostrou uma melhoria significativa em seus resultados, com lucros reportados de 743,1 milhões de euros em 2023, representando um aumento de 32,5% em relação ao ano anterior. Esta melhoria foi atribuída à otimização de custos e ao aumento da receita de serviços financeiros.
Banco Português de Investimento (BPI): O BPI apresentou um lucro de 524 milhões de euros em 2023, um aumento de 42% em relação ao ano anterior. Este desempenho foi influenciado positivamente pelo crescimento do crédito e por um controle eficaz de custos operacionais.
Banco Santander Totta (BST): O BST registou um lucro excepcional de 1.030 milhões de euros em 2023, um aumento de 69,8% comparado ao ano anterior. Este resultado reflete não só a expansão das operações de crédito, mas também ganhos significativos em operações de mercado e investimentos estratégicos.
Estes lucros expressivos têm sido usados pelos sindicatos como argumento para exigir aumentos salariais mais substanciais, destacando que os bancos têm capacidade financeira para melhorar as remunerações dos trabalhadores, tanto ativos quanto reformados, e garantir uma repartição mais justa dos ganhos do setor.
Fonte: https://infobank.pt